na ausência de dores
respirar foi apenas ignorar-me inteiro
contei respirações
cumpri esses ciclos
e depois balancei-me levemente
procurando um centro
no movimento oscilante embalou-se o ego
e levantou-me de mim antes do tempo
da dor surda ao formigueiro
passa o lume que arrasa toda a vida
e me mantém fixado no momento
passam respirações
ficam as dores
o vento aviva o fogo posto
no calcanhar que treme
o fole intensifica em força a pedra
que me transforma em vento
e ardendo o coração lateja
Uma agulha pequenina
espetada no tornozelo
fia este corpo no ar
como um bloco de concreto