Tigela cheia, tigela vazia
Tigela cheia, tigela vazia

Ao longo da sebe alguns ramos de crisântemos doirados.
Corvos de inverno pairam por cima do bosque espesso.
Mil picos fulguram brilhantes ao pôr do sol,
e este monge volta a casa com a tigela cheia.

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Hoje não houve sorte nas minhas saídas mendicantes.
De vila em vila, só consegui arrastar-me.
Ao pôr do sol, milhares de montanhas entre mim e a minha cabana.
O vento frio rasga o meu corpo débil,
e a minha minúscula tigela parece tão abandonada!

Mas este é o caminho que escolhi e que me guia
pela desilusão e a dor, o frio e a fome.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu.

(Ryôkan)

Outono florido
Outono florido

Chuva na primavera,
dilúvios no verão,
e um outono seco:
será que a natureza nos sorri
e todos poderemos compartir o seu prémio?

Por favor não me confundas
com um passarinho
quando me atiro ao teu jardim
para comer as maçãs.

Fui lá para mendigar
um pouco de arroz,
mas o agasalho florido dos arbustos
por cima das rochas
fez-me esquecer a razão.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu.

(Ryôkan)

Oferenda
Oferenda

Para o nosso bem,
os moluscos e os peixes
oferecem-se
desinteressadamente
como comida.

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Na minha pequena tigela das esmolas,
amores-perfeitos e dentes-de-leão
à mistura
como uma oferenda
aos Budas dos Três Mundos.

A colher amores-perfeitos
à beira da estrada,
com a mente absorta,
deixo atrás a minha tigela.
Coitada!

Outra vez esqueci
a minha pequena tigela. ?
Ninguém vai apanhar-te,
certeza que ninguém vai apanhar-te,
triste tigela minha!

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu.

(Ryôkan)

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