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Daqui e d'agora

Um dia tudo acaba e reparamos que talvez nada tivesse começado. Então olhamo-nos nos olhos e sentimos a imensa felicidade de ter descoberto o engano. E apesar de uma lágrima que nos resulta irónica no momento do confronto, mas que sabemos a porta por que entrarão todos os mares, respiramos fundo e olhamos para a frente sabendo que é futuro. Sentimo-nos fortes, recolhemos o orgulho que não precisamos e agradecemos mais uma ferida que nos lembra que estamos vivos. Porque tudo caminhava ou esvarava por uma superfície engordurada e era preciso parar e reflectir. Sabemo-lo quando nos damos a oportunidade de mirar atrás e descobrir espantados que recuando só podemos ganhar. Pensamos que afinal talvez só fique um poema daquele projecto de livro que era a nossa vida, mas na mesma deitamo-nos com ele aconchegado ao nosso sexo, passamos-lhe a língua, amamo-lo e queremos entrar nos ocos dos seus ritmos. E entramos, claro, como entramos no mar, esse que amamos pelas suas ondas, e apesar de que nunca conheceremos de perto a falha atlântica. Ou por isso. Precisamente por isso.

09-01-2006, intimidades

3 comentários

Comentário de: Oscar [Visitante]
Oscar

“Pensamos que afinal talvez só fique um poema daquele projecto de livro que era a nossa vida…” Caro Eugénio, gosto da tua prosa poética, desta plenitude geográfica que se vai aparecendo no teu discurso. Obrigado pela visita, e mais ainda pelo poema que deixaste no comentário: a perfeição desfeita, irrecuperável. Mas será que ela (a perfeição) existe mesmo, Eugénio?

09-01-2006 @ 16:31
Comentário de: eugeniote [Membro]  

Por desgraça, amigo Óscar, o poema perdeu as quebras dos versos ao ser publicado no teu blogue. Podes dar-lhe uma olhada ao original aqui mesmo. Quanto à perfeição, seguramente não exista para além das nossas mentes. É lá que estava quando escrevi o poema.

10-01-2006 @ 03:59
Comentário de: Oscar [Visitante]
Oscar

Caro Eugénio, tens razão sobre as quebras dos versos. Ele ganha outra leitura e compreensão na versão primeira. Acho bastante importante a espacialidade das palavras num poema; o espaço que elas ocupam, ou parecem ocupar é tão relevante quanto a mensagem que trazem. Abraços!

10-01-2006 @ 19:23