XML error: Invalid document end at line 1, column 1

 

multiblog
O amor não me salvará

Volto a casa depois de um magnífico concerto de Lluis Llach - depois, também, de mais um desconcerto com Bàrbara que já nem vale a pena narrar - pensando, pensando, voltado para dentro, nalgum lugar dos intestinos mais grossos, feito uma merda para que se entenda. Já o Congro me tinha dito há tempos, já me tinha advertido que ela era demasiado jovem, que me faria dano quisesse ela ou não, que já lhe tinha passado a ele, que fosse com cuidado. E eu a pensar daquela que nem tudo o que acontece a um tem que acontecer a outro, que voltar-se na vida sentimental de outrem com as experiências de um próprio não passa de uma analogia, e não uma lei, mas a pensar agora que as analogias acabam por dar certo, que se calhar foi por isso que dei em ser poeta. E Bàrbara a telefonar-me no meio do concerto porque eu lhe tinha dito que tinha de falar com ela, eu a dizer-lhe ao telefone que não podia continuar assim, a deixar entrever que pedia uma temporada de distanciamento, e então Lluis Llach a cantar Que tinguem sort, e as palavras que já não podem sair da minha gorja, e as analogias que voltam a dar certo, e as palavras de um autor que não conheço num blogue que sim conheço, a dar certo também, as palavras que imagino perfeitamente na pena de Fernando Pessoa imediatamente depois de Ofélia de Queiroz com calcinhas cor-de-rosa, as palavras a retumbar no interior do meu cérebro: o amor não me salvará, o amor não me salvará, o amor não me salvará. O amor não me salvará - a poesia é o meu único abrigo.

Mas onde está? Porque a deixei esquecida entre vírgulas e conjunções copulativas?

11-02-2006, intimidades

5 comentários

Comentário de: O congro [Visitante]
O congro

Eu conhecím este poema a través dumha certa amiga súa. Cecáis goste :

16

Un descafeinado,
por pedir.
Facer parroquia un pouco. Non moito.
Verdadeiramente nada. Nada.
Cando o fume me molesta nos ollos
-eu non fumo-, voume.
Pago, por suposto, logo, voume.
A parroquia éncheme os ollos de fume.
A parroquia arde.
As farolas están xa acesa ainda que é de día.
Tanta luz para non ter nada que ver
parece un desperdicio.
Eu mesmo parezo un desperdicio.
Chóranme os ollos. Prefiero
pensar que é do fume.
Quería que fora noite
sen farolas para que tí non viras -se estiveras-
como me choran os ollos polo fume
dese meu incendio.
Tanto lume foi deixando
preparada esta erosión, todo un egosistema
xamáis recuperable. Polo menos
totalmente.

Xose Luis Mosquera Camba (A tensa calma da catapulta)

13-02-2006 @ 12:37
Comentário de: Oscar [Visitante]
Oscar

Sim, Eugénio, às vezes a vida sentimental de um Sujeito pode ser a vida sentimental de todos os sujeitos: porque ao fim e ao cabo, os seres humanos são tão previsíveis na sua imprevisibilidade. Sabes, o teu texto de hoje me fez recordar (nem sei porquê) a cena capital de “Saraband", do Ingmar Bergman (não sei se viste o filme) onde a filha rompe a sua relação incestuosa com o pai, e este pede-lhe que toque com ela uma Sarabanda de Bach, e diz-lhe algo como, “se temos de terminar, então que terminemos com algo de sublime". O texto não é exactamente este, mas e ideia é. Depois de algumas relações, acho que é isso o que penso: se temos de acabar, que acabemos então com um música bonita. Dói na mesma, mas é uma dor bonita!

13-02-2006 @ 17:45
Comentário de: Bàrbara [Visitante]
Bàrbara

Em sembla que tu ja sabies el futur de la nostra relació al “triar” aquesta cançó com la nostra…..a mi també em fa molt de mal

20-02-2006 @ 20:41
Comentário de: eugeniote [Membro]  

Sempre l’havia sospitat, pequè negar-ho. Sense desitjar-ho, però l’havia sospitat. I va ser tot un exercici de malabarisme existencial oblidar-ho dia a dia per a viure amb tu un somni en tots els sentits. Feia mal avans, com fa mal ara haver-te deixat fa uns minuts al teu cotxe. Estimant-te com te estime. Com t’estimava. Com he de deixar de estimar-te siga com siga. El que no conseguisc.

20-02-2006 @ 21:02
Comentário de: Bàrbara [Visitante]
Bàrbara

Quatro meses depois, as coisas mudaram para ser como sempre, como nunca devia ter sido mudado…pela minha culpa…sinto muito, e agora sei que, já um dia te perdi, não perde-te-ei mais nunca

10-06-2006 @ 09:48