Crisântemos vagarosos no jardim sul
Crisântemos vagarosos no jardim sul

Os últimos crisântemos do fim do outono esvaecem-se ao longo da sebe do este;
encaro as montanhas do sul, com os meus pensamentos demasiado longe.
Nada sei dos Três Essenciais ou os Três Mistérios do Zen.
Em lugar disso deleito-me na elegância dos versos de Yuang-ming.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Wild Ways, White Pine Press, 2003, USA.

(Ikkyu Sojun)

Mortos

Se abríssemos os olhos lá estariam
feitos maré.

Ondas do mar do tempo que nos leva,
sal da vida à mistura: nós os peixes
feitos de mar.

Mas pesam-nos moedas sobre os olhos
para pagar barqueiros.

Morremos nos vivos que nos seguram,
e nascemos dos mortos que nos levam.

Temos medo do mar que nos envolve
e somos nós;
movimento ondular que perpetua a vida.

No fundo,
as moedas enterram-se na areia
porque nada há a pagar.

Não há barqueiro.

Apenas mar.

Isso enterramos.

Um ermitão solitário nas montanhas
Um ermitão solitário nas montanhas

Gosto mais quando ninguém vem.
Prefiro a companhia das folhas caídas e as espirais de flores.
Simplesmente um velho monge Zen, vivendo como devia:
ameixeira murcha a que brotam cem rebentos súbitos.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Wild Ways, White Pine Press, 2003, USA. Ilustração de Kazu Shimura

(Ikkyu Sojun)

Tags: ikkyu, poesia, zen

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