Os últimos crisântemos do fim do outono esvaecem-se ao longo da sebe do este;
encaro as montanhas do sul, com os meus pensamentos demasiado longe.
Nada sei dos Três Essenciais ou os Três Mistérios do Zen.
Em lugar disso deleito-me na elegância dos versos de Yuang-ming.
(Ikkyu Sojun)
Se abríssemos os olhos lá estariam
feitos maré.
Ondas do mar do tempo que nos leva,
sal da vida à mistura: nós os peixes
feitos de mar.
Mas pesam-nos moedas sobre os olhos
para pagar barqueiros.
Morremos nos vivos que nos seguram,
e nascemos dos mortos que nos levam.
Temos medo do mar que nos envolve
e somos nós;
movimento ondular que perpetua a vida.
No fundo,
as moedas enterram-se na areia
porque nada há a pagar.
Não há barqueiro.
Apenas mar.
Isso enterramos.
Gosto mais quando ninguém vem.
Prefiro a companhia das folhas caídas e as espirais de flores.
Simplesmente um velho monge Zen, vivendo como devia:
ameixeira murcha a que brotam cem rebentos súbitos.
(Ikkyu Sojun)