corpo

as brasas no interior do vento
apagou-as a tensão da madeira

na solidez da veta mais escura
borboletava a dor
contida
da moleza do umbigo

essência de ar lateja ainda
no ventre do sino
contendo as vozes do metal fundido

ómega
om
sineta

e corpo saranam gachamin
no coração do medo

(meio loto, perna esquerda)
pêndulo quieto

as pernas como um arco
insuflaram tensão nos pulmões e no estômago
apesar da pedra digestiva

o vento foi fazendo-se narina e a barriga
comprimiu-se com o balanço para diante
do ponto de equilíbrio

o ar respirou-se no meu corpo
pregado ao zafu
como uma seta que caiu da lua

(meio logo, pé esquerdo)
naufrágio

nuvens de mar a amarrotar a frente
precedem o naufrágio destes versos

nada há nos dedos que peça ser cantado

e nem sequer o alento marca um ritmo
que ser seguido pelo marinheiro bêbado

fazer-se ao mar é um exercício tolo

mas eis-me aqui

atirado a nadar com um colete
que traga à superfície este poema
depois do temporal

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