Já participei em recitais. Já quis pôr a poesia na rua. Já fiz parte de algum espectáculo poético interdisciplinar. Mas a única maneira que eu tive de senti-la foi na solidão e no silêncio do meu quarto. Por isso, e ainda que talvez essa vivência contravenha as próprias origens da poesia, para mim o poema (que continua a ser a unidade básica) pertence aos âmbitos em que o indivíduo se enfrenta só ao universo, sem músicas que façam de banda sonora nem outras pessoas a compartilhar a experiência. Talvez no passado a poesia fosse "um dizer", mas para mim, hoje e aqui, continua a ser "um ler" ou "um escrever". E não é um facto social, ou só é no sentido em que se pode ser sociedade quando se está só. Por isso na vida que fui escolhendo a poesia é cada vez mais um fenómeno de casa de banho. E se algum dia quisesse mostrar os meus poemas fora destas páginas, esse seria, sem dúvida, o meu âmbito de preferência.
As imitações é no que dão.
Encontrei o recortável por aí e não pude evitar fazer a minha versão.