29/11, 21h00, Pousada (Bordeaux)

26-06-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

29/11, 21h00, Pousada (Bordeaux)


O meu room-mate (o mesmo de ontem) foi lá baixo atender o telefone. Como ontem, às 20h30 já estava na cama. Por influência dele ou não, também me ando a deitar cedo. Hoje calha muito bem, amanhã tenho de acordar às 7h30. Não me posso esquecer, sabonete e caderno. Este já está a acabar.

Ela mandou-me um toque hoje. Já não dizia nada desde sábado (dia 26), e já me começava a preocupar. Também só hoje tive acesso ao meile, e li a resposta dela a outro meile que lhe tinha enviado. Seja por estes factores, seja porque o dia estava lindo, sorri muito, hoje. Mas talvez só depois de saber dela.

De manhã andei pela outra margem, a ver uma zona de edifícios novos. Descobri por lá o Jardim Botânico de Bordeaux. Vi pela primeira vez em construção um edifício com a estrutura toda em madeira. Quando passei por lá estava a levar o revestimento de vidro. Devia ser um futuro edifício de apoio ao Jardim, que se desenvolvia num rectângulo compridíssimo à frente. Os muros eram naquela madeira que se vê nas serrações, por cortar, mas escura, e empilhada como nas serrações. O Jardim, para começar a estranheza, era plano. Acho que nunca tinha visto nenhum assim. Dividia-se em várias zonas, e a que me impressionou mais foi a primeira, que mostrava (penso eu) a vegetação endógena da Aquitaine. A ideia que dava, assim à primeira, ao visitante, era que aquelas eram plantas e arbustos que já existiam naquele sítio, e que ao fazer-se o Botânico se tinha baixado o nível do terreno em todo o recinto, mas que se tinha deixado alguns pedaços à altura original. Assim, surgiam ?pedaços? das dunas, ?pedaços? dos pinhais, com terreno original e tudo. Lindíssimo.

Ainda na zona, descobri um bairro que desejaria um dia projectar. As casas eram em banda, e a rua era mínima. Mas por trás surgia um espaço comum imenso, a ligar todos os quintais. A completar tinha algumas casas geminadas, e dois edifícios de apartamentos a rematar o conjunto.

Toda a zona parecia equilibrada, com prédios baixos a deixar antever uma futura homogeneidade. Infelizmente, foi por esta altura que fiquei sem bateria na câmara, e não deu para tirar todas as fotos que queria.

Hmm. Dei-lhe um toque e ela respondeu.

O meu room-mate levantou-se só para verificar se a porta estava fechada.

Ao pequeno-almoço parecia a convenção dos cromos. O room-mate. Outro de meia-idade que demorou vários minutos a tirar de um saco todos os medicamentos que tinha de tomar. E eu, claro, que gozo com todos.

Hoje conheci uma portuguesa, a Ana. Eu tinha voltado à loja portuguesa para ver se não tinham jornais sem ser a Bola e o Record. Ela estava lá dentro, e saiu quando eu entrei. Entretanto perguntei à dona se não me vendia uma Super Bock, eu não queria levar seis, era só para matar a saudade. Ela escondeu-se atrás do balcão e trouxe-me uma mini, dizendo-me para a esconder no saco. Sorri, agradeci e fui-me. A palavra saudade abre muitas portas. Cá fora estava a Ana, como quem não quer a coisa. Trocámos três palavras e dois sorrisos e separámo-nos, eu tinha de ir comprar selos e envelopes (timbres et envelopes) para mandar postais (cartes postales). De seguida fui comprar um cadeado (cadenas), pró que desse e viesse. Já a chegar à estação encontrei-a de novo, na sua bicicleta. Mais uma curta conversa, e ela pareceu-me dizer adeus. Como já me mentalizei que vou fazer esta viagem sozinho e não quero forçar conhecimentos, fui-me embora. Ela apanhou-me logo a seguir, com uma conversa de que me conhecia e estava curiosa do que eu fazia por ali, Combinámos encontrarmo-nos em frente à estação, ela tinha de fazer compras e eu tinha de reservar bilhetes. Depois continuámos na direcção da Pousada, conversando. Como eu suspeitava, ela tinha vindo para a França por amor, era uma viajante (como eu) e estava em Bordeaux para dar aulas a putos duas vezes por semana. Era do Porto, assim como a dona da loja portuguesa, e vivia na ?campagne?, perto de Limoges. Não consegui muito bem como é que alguém que estava em França apenas desde Abril já falava à avec. E separamo-nos, ela tinha um jantar combinado e eu tinha uma Super Bock à minha espera.

BLOGADO ?S 04:09:45

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