Já tenho um caderno novo! Grande, branco, bom! Agora já posso escrever tudo o que não escrevi antes por falta de espaço. Este tem uma coisa que nunca tinha visto, uma página com linhas. Como o caderno não tem linhas, posso sempre pôr a página com linhas sob a que estou a escrever. Assim não se nota a minha inabilidade em escrever em linha recta. Estes franceses pensam em tudo, carambas!
Nîmes parece ser uma ?daquelas? cidades. Mal cheguei, comprei o bloco e apanhei o autocarro, e só pude ver um pouco de Nîmes, mas o que vi deixou-me curiosíssimo para amanhã.
A Pousada é fora da cidade, e talvez isso justifique o seu preço baixíssimo, nove euros e qualquer coisa. Tive de pagar pelos lençóis (que, afinal, era só um) e o pequeno-almoço não está incluído, mas tá-se bem. O empregado, Andy, elogiou-me o inglês. Também lhe podia dizer que ele falava bem francês, mas topei à distância queele era bife, por isso não o fiz. Aliás, quando topei que ele não era francês pedi-lhe logo para falar inglês. É que não há necessidade.
Durante a tarde, quando corria para o comboio, telefonaram-me por causa dum projecto. O meu telemóvel, fiel e certo, foi-se abaixo. Quando o liguei, recebi uma mensagem a dizer que se safavam sem mim. Ainda bem.
Quando cheguei a Nîmes tentei ligar para os frades em La Tourette, mas não consegui usar o meu cartão de chamadas. Também não o consegui na Pousada, e tive de usar moedas. Moeda de cinquenta cêntimos, e lá consegui falar com uma senhora que, como todos os franceses, era extremamente simpática (quando digo extremamente, quero mesmo dizer no extremo). A pensão completa ficava por 45?, se chegasse a tal hora tinha direito a tal, mas devia ter telefonado há mais tempo, assim em cima da hora ela ia ter de telefonar aos monges. Dei-lhe o número do meu telemóvel, e? Acabou o dinheiro no telefone público. Foda-se. Enquanto punha mais cinquenta cêntimos no telefone, ela telefonou-me para o telemóvel. Nem deu para começar a conversa, a bateria tinha-se ido de vez. Atarantadíssimo, tentei encontrar o carregador do telemóvel, e pensava onde o poderia pôr a carregar, quando ela me telefona para o telefone público. Para o telefone público! Que nível! Aí acabámos de combinar tudo. Os segundos cinquenta cêntimos ficaram lá dentro, mas prontos. Todos o sabem, todos os segundos cinquenta cêntimos são para os pardais.
Amanhã vou fazer umas comprinhas. Controladas, claro, só para o jantar, ou ainda me roubam como ontem. Ora: sabonete, jantar, sobremesa, spray para tirar o cheiro das sapatilhas. E mais alguma coisa que me devo estar a esquecer. Talvez mais fruta.
O meu jantar, hoje, foi batatas fritas e Heineken. Também, a fome não era muita. Ainda deve ser bastante cedo, não queria ir já dormir. Aposto que os dois japoneses do meu quarto já foram dormir. Ou então estão acordados à minha espera para saberem porque lhes disse Gomenassai. Do que me lembro, Gomenassai significa peço desculpa, e disse-o quando passei entre os dois, por ter interrompido a conversa. Se calhar insultei-os e nem reparei. Tenho de treinar o meu japonês.
Tenho os pés frios. Isso não é nada bom. Mas, também, é natural. Estou de chinelos.
BLOGADO ?S 04:48:12
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