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      Cineclube. Ciclo Hollywood vermelho .

      Cineclube. Ciclo Hollywood vermelho .

      24-02-19

      O dia 1 de março às 21h30começamos cum novo ciclo no cineclube do Mádia Leva!

      Hollywood vermelho

      Sexta-feira 1 de março
      Hollywood vermelho
      Red hollywood (Tom Andersen e Nöel Burch ,1996)

      Sexta-feira 15 de março
      Corpo e Alma
      Body and Soul (Robert Rossen ,1947)

      Sexta-feira 22 de março
      Força do Mal
      Force of Evil (Abraham Polonsky , 1948)

      Em 1948 dez guionistas e diretores de Hollywood, militantes do Partido Comunista, fôrom chamados para declarar perante o Comité de Atividades Antiamericanas, organismo impulsado polo senador Mc Carthy após, ele mesmo, ter denunciado a existência dumha suposta conspiraçom comunista dirigida desde a URSS, que tinha infiltrado personalidades norte-americanas como agentes soviéticos no próprio Departamento de Estado. Os dez de Hollywood negarom-se a declarar perante o comité denunciando a nula legitimidade deste organismo, sendo por isto apresados e inabilitados para qualquer atividade relativa à industria do cinema. Os nomes destes cineastas seriam os primeiros dumha extensa lista negra que condenava ao ostracismo e a dilapidaçom mediática e social à vertente mais crítica de Hollywood, dando início à caça de bruxas que marcaria o devir da industria cinematográfica mais poderosa do planeta.

      A Comissom de Atividades Antiamericanas foi um instrumento de controlo social, e o Mc Carthismo um modelo de excepcionalidade jurídica cujas técnicas seguem hoje vigentes e som conhecidas por todas: O acusado é quem lhe corresponde demonstrar a sua inocência perante umha acusaçom infundada, baseada em interrogatórios e denúncias falsas ante um tribunal que já decretou previamente a sua culpabilidade; a finalidade última do julgamento procura a autoinculpaçom, mas ao autoinculpado ainda o Estado permite umha via expurgatória, a delaçom dos seus companheiros. O facto de o senador Mc Carthy ter dirigido cara a industria cinematográfica a sua particular guerra suja contra o comunismo, é sintomático da importância na luita pola hegemonia cultural e ideológica do Hollywood da altura, num contexto de guerra fria, alimentada pola atmosfera paranoica dominante nos albores da era atômica. Também é sintomático o fato de a caça de bruxas coincidir no tempo em que os grandes estudos absorviam as pequenas companhias cinematográficas, chegando constituir todo um monopólio empresarial impermeável aos conflitos que atravessavam a sociedade norte-americana, convertendo-se finalmente numha arma para conquistar o mundo.

      Red Hollywood

      O filme documental Red Hollywood dos críticos e cineastas Thom Andersen e Noël Barch, introduze-se de cheio no contexto da caça de bruxas, mas nom para fazer umha análise exaustiva do processo judicial, amplamente estudado, mas para resgatar da memória a obra destes cineastas comunistas através das imagens recuperadas destes filmes, excluídos do canom do Hollywood clássico. O resultado fala, nom apenas dumha cinematografia censurada e condenada ao ostracismo, mas também daquilo que já nom se viu mais no cinema dos grandes estudos, o conflito racial, de classe ou de gênero dérom passo às narrativas oficiais que representavam os valores reacionários dos poderes fáticos.

      Cinema negro

      Um dos géneros onde a aportaçom dos cineastas e guionistas comunistas adquiriu maior dimensom foi o cinema negro, nom apenas por ser um dos géneros mais representativos do hollywood clássico, mas também porque a câmara dirigia a olhada para os bairros operários, o crime organizado e a corrupçom, explorando as contradiçons e tensons da sociedade americana como até entom nom se tinha feito. É neste género onde podemos inscrever os dous filmes projetados neste ciclo, Corpo e Alma de Robert Rossen, filmada em 1947, e a A Força do Mal de Abraham Polonsky em 1948. Os dous filmes tomam prestadas todas as convençons do melhor cinema negro para, através dumha narrativa moderna que racha com as formas tradicionais, subverter o discurso reacionário que se intuía no transfundo da maioria dos filmes associados a este género. Se no discurso habitual do cinema negro o Mal aparecia como umha forma ineludível da condiçom humana, cuja natureza nem se pode explicar nem mudar, elevando o fatalismo a umha categoria ontológica, em Corpo e Alma, o filme de Rossen escrito polo próprio Abraham Polonsky, e a Força do Mal escrito e também dirigido por Polonsky, o Mal aparece como umha forma de conduta moral, reproduzida socialmente polo capitalismo, num contexto implícito de guerra de classes.

      Corpo e Alma

      Esta dimensom moral fica exposta em Corpo e Alma por cima da acçom e do suspense próprios do género; o filme retrata a luita consigo mesmo dum boxeador de origens operárias, mas nos começos, o filme já nos desvela que o seu protagonista vendeu o combate polo campeonato mundial, pressionado polos interesses de mediadores e baixo ameaças da máfia. Os feitos confundem-se entom com a memória do boxeador que, antes de subir a lona para participar do combate amanhado, reflexiona sobre o percurso vital que o levou até essa situaçom, deixando para o desenlace final o combate, que é já um combate entre o bem e o mal, entre a dignidade e o orgulho de classe contra a miséria e a corrupçom moral da sociedade capitalista.
      Mas a sombra negra deste extraordinário filme desbordaria o próprio significado do mesmo, anos depois, quando os nomes dos seus protagonistas, o diretor Robert Rossen, o guionista Abraham Polonsky, o ator protagonista John Garfield, a atriz Lilli Palmer, e o secundário Cánada Lee, fôrom acrescentar a temida lista negra de Mc Carthy. Como o boxeador protagonista do filme, terám de confrontar-se consigo num combate pola própria dignidade perante a Comissom de Atividades Antiamericanas. Polonsky militante do Partido Comunista nega-se a declarar perante o tribunal como também nom o fixo a atriz esquerdista Lilli Palmer, os dous serám inabilitados polo comité para realizar qualquer atividade relacionada com a indústria cinematográfica. John Garfield morreu dum ataque cardíaco aos 38 anos quando se dirigia para declarar perante o comité, e Cánada Lee o ator negro e também ativista dos direitos civis morreria pouco depois de Garfield com 45 anos, também dum ataque cardíaco; os dous atores fôrom perseguidos e acossados polo comité pola rotunda negativa a delatar companheiros. Por último, o diretor Robert Rossen, que militou no Partido Comunista, viria a sujar a sua brilhante reputaçom cinematográfica quando se converteu em delator em troca de apagar o seu nome da lista negra.


      A força do mal

      No entanto, antes de a caça ter começado, Abraham Polonsky e Jean Garfield ainda teriam a oportunidade de realizar umha nova e brilhante aportaçom cinematográfica, tam rompedora no estilo, como vigente na sua denúncia da lógica do capital que encaminha ao mundo para o crime e a barbárie. Até entom, as imagens do cinema negro podiam representar todo um mundo na organizaçom e o cometido dum atraco a um banco, mas a origem do capital ali custodiado ficava fora de campo. Abraham Polonsky reconstrói a origem criminal do capital através do percurso do protagonista do filme, encarnado por John Garfield, um abogado ambicioso, que se fixo com um lugar no cimo da sociedade branqueando a atividade da máfia através de Wall Street. O protagonista, desde a sua posiçom privilegiada no status social, pretende ajudar a família mesmo contra a vontade dos seus membros, possuidores dum pequeno negócio de apostas ilegais num bairro operário. No fim, o crime, a traiçom e a delaçom sucedem-se irremediavelmente.
      Abraham Polonsky descreve, na Força do mal, a ruina moral dum sistema que eleva a categoria do dinheiro ao valor supremo de todas as cousas, um sistema encarnado magistralmente por John Garfield na pele do cobiçoso advogado, que desafia todas as normas sociais da sua classe de origem, como obstáculos na sua carreira por alcançar o cimo da sociedade.

      A Força do mal, do mesmo modo que Alma e corpo, fôrom longamente ignorados nos cânones cinematográficos, embora autores como Martin Scorsese tenhem reconhecido a enorme influência destes filmes; sobre este último, Scorsese escreveria: ?Alguns filmes como A força do mal, de Abraham Polonsky fôrom mais longe e mostrárom a toda a sociedade como corrupta. A Cara de John Garfield era como umha paisagem de conflitos morais. Todo o corpo social estava enfermo. O discurso de Polonsky era incomum no poético, mas o que lá olhavas era um mundo cobiçoso e sórdido implorando perante ti. Do que se tratava era da violência do sistema mais do que a violência individual?.

      Escrito ?s 20:04:00 nas castegorias: album
      por SCMadiaLeva   , 1338 palavras, 155 views     Chuza!

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