A partir de hoje, os jardins-escolas galegos dão as aulas só em galego. Também se vai ensinar um "hino galego" de um nacionalismo extremo. Composto por um poeta do séc. XIX, o hino galego, enxotando os castelhanos, canta: "Sós os imbecis e obscuros/ não nos entendem." Picardias nacionalistas, que quase todos os povos têm, e que não trazem grande mal ao mundo. Ou trazem mas não é isso que aqui me traz, mas outro mal, esse, evidente. Esta deriva galega integra-se no menosprezo de uma das grandes línguas mundiais, o espanhol, que já deixou de ser ensinada como devia na Catalunha e no País Basco, e, agora, deixará também na Galiza. Vão perder os miúdos galegos, como já perdem os bascos e catalães. Tal como os miúdos cabo-verdianos perdem por não aprender o português, mas o crioulo. Não falo, claro, na nobreza das línguas (todas são nobres). Falo da I Divisão Mundial das Línguas, onde estão o português e o espanhol. E não estão as outras nobres línguas aqui referidas.
Normalmente publico apenas os textos que interessam a minha causa. Hoje mostro-vos este. Ferreira Fernandes. Desconheço quem seja. Obviamente que nunca ninguém lhe explicou que o galego e o português fazem parte do mesmo sistema linguístico. Assim, lutando pelo galego, lutamos pelo português em Espanha. O que ele certamente ignora é que, para certos círculos madridenhos, qualquer língua falada em Espanha que não o castelhano é considerado dialecto do último. Mesmo o eusquera. E se o galego é português (que o é), então, para esses senhores, o português é apenas um dialecto do castelhano. Ou seja, se pensassem na 'I Divisão Mundial das Línguas', também não se ensinaria o português. Bastaria castelhano.
Vão perder os miúdos galegos, como já perdem os bascos e catalães. Ou seja, para Ferreira Fernandes, é mau para um miúdo aprender a língua dos pais. Genial.
Lembro também que também nós pertencemos, se bem que por escassos 70 anos, a Castilha. Imagine-se o que se falaria nas escolas se não tivéssemos recuperado a indepedência? E no Brasil? Ainda existiria o português?
Outra coisa. Basta uma investigação ligeira para se aperceber que, se há língua ameaçada em Espanha, esta não é certamente o castelhano.
Daqui.
BLOGADO ?S 23:27:48
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ESTULTÍCIAS CONTRA GALIZA
Como galego queria manifestar a minha indignação polas manifestações vertidas polo senhor Ferreira Fernandes no seu artigo do passado dia 3 sob o título “Modernices filhas de reaccionários".
Seria interminável comentar em poucas linhas os muitos exemplos de ignorância sobre a realidade de Galiza que nesse artigo se podem ver. Mas é suficiente com o desejo que parece ter este senhor no que diz respeito à desaparição da nossa Língua de Galiza e a sua substituição polo castelhano. Uma pessoa que ataca desta maneira a sua própria cultura e as suas raizes já está a dizer muito de si própria ( e nada bom, na verdade)
O hino de Galiza di “só os imbecis e escuros não nos entendem” e não o que o senhor Ferreira Fernandes transcreve: e no século XIX isso queria dizer que só pessoas de má fé e ignorantes podiam rejeitar os desejos de regenerar Galiza e as suas demandas de um melhor trato por parte do governo de Madrid…estamos já no século XXI e para alguns pouco mudou.
Também comentar para corrigir a desinformação do citado senhor que, nas provas de acesso à Universidade, os resultados na matéria de Língua Castelhana alcançados polo alunado de Catalunha e do País Basco são muito melhores que os do alunado de Madrid…talvez polo elevado nível de desenvolvimento cultural e educativo dessas duas nações orgulhosas de conservar o seu acervo próprio e de potenciar as suas Línguas e Culturas
Por último, que dizer da sua grosseira comparação da nossa Língua com um crioulo? Crioulo de que idioma, senhor Ferreira Fernandes, ou talvez preferiria chamar-se Herrera Hernández?
Enfim, ficaria muito por comentar mas chegue o anterior para exemplo e evidência do que pode ser a ignorância e de quão absurdas podem ser as conclusões nela alicerçadas.
Bieito Seivane Tápia - Docente de Ensino Secundário
Viana do Bolo (GALIZA)
bieitoseivane@iol.pt