actualizações ferroviárias 24/11/08

24-11-2008

INSTANTÂNEOS, FERROVIÁRIO, NORTE, GRANDE PORTO, ALTA VELOCIDADE ELEVADA

actualizações ferroviárias 24/11/08

* António Pérez Babo dizia há alguns dias, na reunião da Ordem dos Engenheiros, que achava que ainda não havia um ?estrangulamento? no eixo Senhora da Hora ? Trindade. Lembre-se que é pelo suposto ?estrangulamento? desse eixo, onde convergem quatro linhas (Trofa, Póvoa, Aeroporto e Matosinhos) que agora se discutem alternativas. Uma das alternativas, aparentemente consensual, ligará a Senhora da Hora ao Hospital de São João, passando por São Mamede de Infesta. A outra alternativa ligará Matosinhos à Boavista, desenhando um arco a sudoeste. A proposta da Junta Metropolitana, através do estudo de Paulo Pinho, coloca-a na Avenida da Boavista. Ou seja, partilha a linha existente entre o Senhor de Matosinhos e Matosinhos Sul, e daí segue sobre o Parque da Cidade até à Avenida da Boavista, subindo até à Rotunda para depois (segundo o novo projecto) engatar na Linha Circular Subterrânea (pelo menos) até São Bento. A proposta da Metro do Porto, delineada por Álvaro Costa, propõe o mesmo percurso em Matosinhos mas, chegando à Avenida, a linha cruza-a continuando pela futura Via de Nun?Álvares, cruzando a Praça do Império e seguindo pela Rua de Diogo Botelho. Quando esta Rua encontra a do Campo Alegre, em frente ao Hotel Ipanema, mergulha no subsolo e, seguindo (imagino) o eixo da Rua do Campo Alegre servirá a zona das Faculdades e da Cordoaria, acabando, também, em São Bento. Em ambas as propostas existe também uma (ou duas) ligações a Gondomar e a nova ligação a Gaia, assim como o prolongamento da Linha Amarela para Sul, até Vila d?Este. Uma diferença crucial está na proposta da Junta, que propõe uma linha circular entre o Pólo Universitário / Rotunda da Boavista / São Bento / Campanhã, e das quais a linha da Boavista, a nova linha para Gaia e a linha de Gondomar seriam ramais, ou braços.

A primeira falácia, e como referia Pérez Babo, é a do ?estrangulamento? do eixo Senhora da Hora ? Trindade que necessita de ?urgente solucionamento?. Não sei se, de facto, esse eixo estará neste momento ?estrangulado?, e se será assim tão urgente o seu solucionamento. Passo a explicar. O que se conseguirá com as futuras linhas Matosinhos Sul / Boavista / São Bento e Senhora da Hora ? São João, sejam quais forem os seus percursos, não será nunca o ?aliviar? do referido eixo. Estas linhas percorrerão zonas em que o metro ainda não passa e o mais provável é provocarem um aumento do número de utilizadores do metro. Isto acontecerá, obviamente, nas linhas referidas e nas outras. É o 'efeito de rede'.

Voltando atrás, não consigo perceber bem a ideia do ?medo? a esse pretenso ?estrangulamento?. O que se quer é ter mais e mais pessoas a utilizarem o metro. E, por mais que possa existir este 'estrangulamento', não é nada que a introdução de mais carruagens não possa resolver nos próximos tempos. É fácil perceber que nas horas de ponta sobram canais horários para mais ligações, e as novas carruagens para as linhas da Trofa e da Póvoa, mais rápidas e com mais capacidade, ajudarão a resolver por agora o pretenso ?problema?.

O desenvolvimento do sistema, neste momento, não deve passar pela criação de novas linhas radiais, mas pela extensão das atuais linhas para zonas onde o metro teima em não chegar. A extensão da Linha Amarela mais para sul e para norte, a extensão de uma das linhas (por exemplo, a Azul) para Rio Tinto e outra (pode ser a Vermelha) para Gondomar, por Valbom. Sem inventar muito, otimizar o sistema existente. A única linha nova que defendo de raiz, e que serve também para otimizar o sistema existente, é a linha circular.


* Sobre a nova polémica de São Bento, de quererem transformar a estação num centro comercial, Teófilo M. diz que ?Quanto à estação em si, temo que, com a abertura da linha do Metro para a Trofa, a quantidade de passageiros decrescerá?. Este é um tipo de raciocínio que, apesar de bastante recorrente, carece de lógica. Como já referi atrás, existe uma coisa chamada ?efeito de rede?. Quando os pontos se ligam, no mínimo, triangularmente, começam a sentir-se outros resultados. Deixa de existir uma linha para começar a funcionar uma rede. Aquela ideia de apanhar o metro aqui para trocar ali para chegar a algum sítio. Isso beneficia todos os pontos da rede, mesmo os mais esquecidos. Assim será quando o metro chegar à Trofa: ninguém da Trofa, Famalicão, Guimarães, Santo Tirso, Barcelos ou Braga que já utilize o comboio para se deslocar para o Porto passará a utilizar o metro. Só pessoas que vivam na área da estação da Trofa e que por alguma razão prefiram o percurso para o Porto através da Maia a utilizarão, ou então pessoas das outras cidades pela mesma razão ou para se deslocarem expressamente à Maia. Não que esteja a criticar o prolongamento da Linha até à Trofa, pelo contrário, parece-me bastante lógica, mas é óbvio que quem usa a Linha do Minho até São Bento continuará a fazê-lo.

Isto porque me parece crucial a existência de ?Estações Centrais? (como as Hauptbanhoff alemãs) que sirvam o centro das cidades de ligações ferroviárias de médio e longo curso. Em Lisboa aconteceu o insólito ? o metro chegou finalmente a Santa Apolónia, algo de extremamente importante para a manutenção desta Hauptbanhoff no centro, e pouco tempo depois o Presidente da Câmara, António Costa, propôs a sua transformação em outra coisa qualquer do que uma estação de comboios. Um terminal de cruzeiros ou outra idiotice semelhante. Espero que Manuel Salgado evite tal marotice. A Estação do Oriente parece-me demasiadamente desviada do centro para ser a única alternativa, e as Estações do Cais do Sodré, do Rossio e da Via de Cintura são estações com ligações suburbanas.


* As minhas inquirições junto da REFER deram finalmente resultado. Informam-me eles que a Variante da Trofa terá linha dupla, eletrificada e com travessas polivalentes, assim como a ligação ao Porto de Aveiro, mas neste caso em via simples. Coloquei-lhes estas questões por certos equívocos veiculados pelos mídia e por falta de informação na página. A ligação ao Porto de Aveiro é bastante importante pois garante a ligação de mais um porto português à rede ferroviária. A Variante da Trofa também, pois liberta o centro da cidade do espartilho da atual linha e moderniza-a. É de relembrar que o projeto low-cost de ligação ferroviária à Galiza preconiza a adaptação da atual linha existente entre o Porto e Braga para a Velocidade Elevada. E tirando algumas obras necessárias em Contumil, o troço da Trofa é o único com via simples, sem ter ainda sofrido a modernização.

E aí reside o busílis das minhas perguntas à REFER. De modo a transformar a linha do Minho em linha de Velocidade Elevada, todos os carris e travessas existentes terão de ser substituídos, pois as futuras carruagens utilizarão a bitola (distância entre carris) europeia, mas continuarão a circular comboios com a bitola ibérica (suburbanos e regionais), sendo necessário carris triplos. Assim, é crucial que a Variante da Trofa utilize travessas polivalentes, assim como a ligação ao Porto de Aveiro. O que parece ser o caso. É razão para nos congratularmos por, pelo menos desta vez, a REFER estar a antecipar as necessidade futuras sabiamente.

Agora resta saber onde será a futura Estação da Trofa, e como será a ligação ao metro. Esta estação servirá os tais suburbanos e regionais, e não a Velocidade Elevada.

BLOGADO ?S 22:39:22

1 comentário

Comentário de: Nuno [Visitante]
Nuno

Não sabia da notícia de S.Bento.

Fico contente por haver mais actividade nesta estação que me parece que tem vindo a aumentar- o que se confirma com este anúncio de investimento.

É bom haver mais actividade comercial uma vez que esta porta da cidade é um sítio onde existe muita prostituição masculina e sem-abrigos (é um dos pontos de encontro de oferta de sopa).

Qualquer portuense sabe que esta estação, quando construída, rasgou á faca toda a cidade e substituiu o Convento do mesmo nome mas mesmo assim faz indiscutivelmente parte do espólio do Marques da Silva e da história da cidade.
Como no Bolhão, vale a pena estar optimista mas atento ás propostas que se fazem.

25-11-2008 @ 21:08
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